sábado, 28 de novembro de 2009

A importância da sistemática: Linguagem da biodiversidade:

Todo ser humano passa por um processo conhecido como socialização. Nesta fase da vida a criança é altamente suscetível aos estímulos ao seu redor e aprende principalmente pela observação de outros seres, em especial os seus pais com os quais tem maior contato. É nessa fase da vida que a criança balbucia suas primeiras palavras. Normalmente, papai e mamãe. A linguagem falada é a maneira pela qual a criança representa o mundo onde vive. Algumas crianças inclusive apresentam denominações próprias para alguns termos, e vemos palavras como “tótó”, “musquito” “nanãe” a criança na fase de aprendizado da linguagem, sente a necessidade de rotular tudo que está a sua volta. O uso de linguagens para representar o mundo é algo inerente ao ser humano, e que não se limita a infância. Os físicos repetem veementemente que a física é a única ciência que obedece às leis, porque esta é a única realmente objetiva porque os fenômenos ao nosso redor são representados através de fórmulas matemáticas objetivas. Portanto, podemos dizer que a física utiliza-se de uma linguagem, e a linguagem da física é a matemática. A IUPAC padroniza um conjunto de símbolos e fórmulas que representam os elementos as propriedades inerentes a eles, e a forma como regem entre si. Ao desenvolver um projeto, um cientista da programação após criar um algoritmo, precisa transformar este algoritmo em uma linguagem que o computador entenda, como JAVA ou C++. Com a biodiversidade não é diferente, do mesmo modo que os físicos representam os fenômenos de campo magnético com fórmulas matemáticas, os sistematas representam a biodiversidade através da ciência conhecida como sistemática.
Muitos, em especial os leigos, mas mesmo biólogos de outras áreas não entendem o quão abrangente é a ciência da sistemática, nem o quão importante esta ciência é para a pesquisa biológica e para a sociedade. A sistemática foi vista por muito tempo como uma prática meramente descritiva, que consiste em nomeação dos organismos e posterior agrupamento com base em semelhanças, sejam elas morfológicas, genéticas ou comportamentais. Assim, essa ciência foi vista por muito tempo e ainda é por muitos, como um grande catálogo em uma biblioteca. Ou seja, uma mera coleção de informações técnicas sobre a diversidade existente. Essa definição é pouco precisa, e caso fosse diferente, então não poderíamos nem mesmo nos atrever a definir a sistemática como uma forma de ciência. Devido a este tipo de pensamento, a sistemática foi tida por muito tempo, como uma área marginal das ciências da vida. O trabalho do sistemata se resumiria simplesmente a dar nomes em latim, às espécies descobertas por outros pesquisadores.
Keogh aponta como principal culpado dessa visão preconceituosa da sistemática, os próprios sistematas, que por muito tempo não manifestaram o interesse em explicar para os colegas biólogos e para a sociedade, a importância dessa ciência da qual todos eles tanto dependem (Keogh, 1995).
A sistemática é, no entanto muito mais do que isso. Como levantado por Hennig a sistemática é uma ciência que se ocupa em ordenar, racionalizar e ainda explicar os fenômenos da natureza. Podemos ver a sistemática, portanto, como um abrangente campo científico (Hennig, 1966).
Podemos encontrar aplicabilidade para a sistemática nas mais diversas áreas do saber biológico. Desde o melhor entendimento da teoria da evolução, a conservação ambiental, passando pelo controle biológicos de pragas e epidemias, até a busca de a descoberta de novas espécies úteis na pesquisa médica e na indústria.
A revitalização da sistemática e a reestruturação de seus métodos devem-se principalmente ao trabalho do entomólogo alemão Willi Hennig. Antes do trabalho de Hennig as classificações entre os seres vivos eram feitas principalmente por proposições arbitrárias, uma série de “achismos” que se embasavam muito mais na autoridade do sistemata do que em análises objetivas feitas a partir de observações. A sistemática era vista como uma ciência puramente descritiva que não incluía explicação e raciocínio. A sistemática pré-Hennigiana chegou a ser denominada como uma espécie de ciência-arte. Por mais que ambas sejam fascinantes, ciência e arte não costumam andar juntas, e se tal junção é feita, normalmente algo está errado.
Foi com a tradução para o inglês, de sua Obra Magna, o livro “Phylogenetic Systematics” que Hennig causou grande alvoroço entre a comunidade científica da época propondo um novo método de classificação biológica, e dando o significado, hoje tão bem conhecido pelos sistematas de termos, como monofiletismo, polifiletismo, parafiletismo, apomorfias, sinapomorfias, plesiomorfias, entre outros. O trabalho de Hennig removeu o caráter artístico da sistemática e a inseriu novamente como uma ciência da biologia.
O método filogenético proposto por Hennig pode ser considerado como a verdadeira linguagem da sistemática, uma vez que considera como grupos naturais aqueles grupos que apresentam uma verdadeira relação de parentesco evolutivo. Através da sistemática, portanto determinamos relações, ancestral-descendente entre as espécies de seres vivos com base em características compartilhadas pelos diferentes grupos. Tal entendimento é importante para que primeiro de tudo sejamos capazes de compreender como se formaram as espécies viventes, bem como o porquê de tais espécies se encontrarem onde estão, tendo, portanto uma aplicação direta na biogeografia.
Tentarei, nesse curto ensaio, apresentar um breve resumo sobre o que é a sistemática filogenética, o trabalho do sistemata, e a extrema importância desse trabalho, para o entendimento da esplêndida diversidade das formas de vida que nos cercam.
O biólogo ucraniano Theodosius Dobzhansky disse uma vez que “nada na biologia faz sentido, a não ser à luz da teoria da evolução” (Dobzhansky, 1973). A premissa de Dobzansky é sem dúvida correta. Partindo deste princípio, não faz sentido utilizar um método de classificação que não leve em consideração a forma de como as espécies evoluíram para as formas de hoje. O método filogenético não somente caminha ao lado com a teoria da evolução, como também é complementar a ela sendo útil para aprimorar nosso conhecimento sobre a história evolutiva das espécies, bem como ao ajudar, em especial estudantes a compreender e corrigir conceitos equivocados sobre a teoria evolutiva e sobre as relações hierárquicas entre os grupos de organismos. Assim, segundo Grandcolas, podemos parafrasear Dobzhanski da seguinte maneira: “Nada faz sentido em biologia, a não ser a luz da sistemática filogenética” (Grandcolas, 1997).
Pode-se observar nas últimas décadas, uma crescente preocupação com o ambiente que nos cerca. Alterações climáticas, desmatamento, conservação ambiental. Estas palavras vêm sido repetidas veementemente entre os meios de comunicação de massa, como um mantra. Fins científicos, culturais, econômicos e até mesmo ideológicos, levam a humanidade a procurar uma maneira de minimizar a extinção causada pela ação humana. Obviamente, no entanto, a conservação de todas as espécies, animais e vegetais, existentes em nosso planeta, é uma idéia que apesar de seu apelo romântico, é deveras inviável, uma vez que o recurso, pessoal e até mesmo espaço para isso é limitado. A partir da última proposição, podemos concluir, portanto, que escolhas devem ser feitas. Deve-se escolher quis espécies devem ser salva, e em que local. Estas escolhas levam-nos a inevitável pergunta: Quais critérios devem ser utilizados, para preservar determinada espécie, em detrimento de outras? Como podemos dizer que uma população é mais importante do que outra?
Após refletir um pouco, acredito que a primeira resposta para o problema acima, seria determinar sítios de conservação que contivessem o maior número possível de espécies. Tal método sem dúvida é válido, e foi e será usado muitas vezes em políticas de conservação. Imaginemos, no entanto, o seguinte cenário: Digamos que tenhamos sido contratados, pelo ministério do meio ambiente brasileiro, para estabelecer sítios de conservação na Amazônia brasileira. Durante o processo, nos deparamos com duas possíveis áreas a serem preservadas. A primeira delas, campeã em número absoluto de espécies, seria de acordo com o método estipulado acima, nossa opção lógica. Ao examinarmos a segunda área, no entanto vemos que apesar de possuir um número menor de espécies, as espécies nessa área divergem muito mais entre si do que aquelas da área um. Assim, optamos por conservar um grande número de espécies altamente próximas entre sim, em detrimento de um grupo de espécies, menor porem extremamente mais diverso. Mais uma vez, aqui se confirma a famosa fala de Dobzhansky e vemos a necessidade de utilizarmos critérios evolutivos também na conservação ambiental. Para tanto, a sistemática pode e deve ser usada como uma importante ferramenta. Conhecendo as relações filogenéticas entre os grupos, somos capazes de determinar qual região possui o maior número de grupos, filogeneticamente distantes entre si, criando sítios de conservação com uma maior taxa de biodiversidade. A utilização da sistemática filogenética, para a conservação ambiental, bem como os métodos utilizados para tanto, são bem discutidos por Crozier (Crozier, 1997; Crozier et al, 2005).
A importância desta fascinante ciência, não se restringe a conservação ambiental, muito pelo contrário, a indústria química, a agricultura, a saúde pública entre muitas outras, essas áreas do saber, dependem até certo ponto, da sistemática, uma vez que lidam diretamente com dados que dizem respeito à diversidade. Um inseticida utilizado em pragas de um determinado grupo, pode não surtir efeito em outros, as relações filogenéticas e os padrões de dispersão de insetos dos gêneros Anopheles e Phlebotomus, , por exemplo, permite o desenvolvimento de estratégias mais eficientes, para a o controle de parasitoses, com altíssimas taxas de morbimortalidade, como a malária e a leishmaniose.
A diversidade em nosso planeta é muito maior do que os sistematas são capazes de analisar. Basta olhar, por exemplo, a diversidade dos insetos, em que o número de espécies descritas se aproximam de um milhão e uma média de 3500 novas espécies são descritas todos os anos (Brusca & Brusca, 2002). Se considerarmos a estimativa de todas as espécies de seres vivos existentes, seria necessário, que os sistematas tivessem uma vida 25000 vezes maior, o que obviamente é impossível. Em meados da última década do século passado, um projeto conhecido como: ”Systematic Agenda 2000: charting the biosphere” propôs-se a documentar as espécies viventes no globo, em um prazo de 25 anos (Keogh, 1995). Iniciativas como essa, são louváveis, e um maior esforço na descrição de novas espécies, bem como a formação de novos sistematas, especialmente na região dos trópicos, é extremamente desejável. No entanto, deve-se tomar cuidado, analisando dados históricos, bem como as estimativas da diversidade, pode-se perceber que é muito improvável que uma toda a biodiversidade do planeta seja descrita em um período de tempo tão curto.
Neste ensaio vimos como a sistemática representa os processos evolutivos e algumas de suas aplicações nas diversas áreas do saber. Ao termino deste texto, vejo a sistemática como uma linguagem antiga e pouco compreendida. O trabalho do sistemata é, portanto o de traduzir as informações presentes neste antigo código de linguagem e traduzi-lo para um idioma científico, o idioma da sistemática.



Referências Bibliográficas:
Crozier, R.H.; Dunnett, L.J.; Agapow,P.M.; Phylogenetic biodiversity assessment based on systematic nomenclature; Evolutionary Bioinformatics Online, v.1 p. 11-36, 2005
Crozier R,H. ; Preserving the information content of species: genetic diversity, Phylogeny and conservation worth. Annu. Rev. Ecol. Syst. V. 24, p. 243-268, 1997.

Dobzhasnsky, T.; Nothing in biology makes sense except in the light of evolution. The American Biologist Teacher.; v. 35, p. 125-129, 1973.

Grandcolas, P.; Minet, J.; Desutter-Grandcolas, L.; Daugeron, C.; Matile, L. & Bourgon, T.; Linking phylogenetic systematics to evolutionary biology: toward a research program in biodiversity. In: Grandcolas, P. (ed.), The origin of Biodiversity in insects: Pylogenetic Test of Evolutionary Scenarios.; Mem. Mus. Natn. Hist. nat, v.173.; p. 341-350, 1997.

Hennig, W.; Phylogenetic Systematics.; University of Illinois press.; p. 1-28.; 1966.
Keogh, J.S.; The importance of systematics in understanding the biodiversity crisis: the role of biological educators.; Journal of Biological Education.; v. 29 p. 293-298, 1995.

sábado, 21 de novembro de 2009

Grávida

Ele havia acabado de desligar o telefone. Grávida! Grávida! Grávida! A palavra insistia em repetir-se na minha mente como um mantra. A remota idéia, de que ela pudesse conceber o filho de outro homem, gelava-lhe dos pés a cabeça. Talvez finalmente tenha enlouquecido! Mas era possível, e ele sabia. A idéia rasgara sua alma como uma faca, no instante seguinte não conseguia pensar em outra coisa. Grávida! Grávida! Não podia ser! O mais assustador de tudo é que, em sua fantasia, mesmo que fosse verdade, não acreditava que seus sentimentos mudassem. Traria sim, muita dor e sofrimento, mas os sentimentos..... Odiava cada vez mais aqueles malditos sentimentos e sua covardia por escondê-los. Ele estava confuso, não importava a situação ou as adversidades, ele a amava. Sim! Amava, pronto disse! E disse com todas as letras. A situação era maravilhosa e ao mesmo tempo assutadora, pegava-se perguntando se ela estava bem, se estava feliz, ou cansada, não a queria longe de si e sem dúvida não a queria grávida de outro homem.
Uma gravidez agora, acabaria com tudo. O sonho de ser dançarina, a relação já conturbada com seu pai, tudo seria mais difícil. Ela queria ser mãe,de fato. Mas acho que não assim, não agora, não de alguém que não está junto dela, não de uma noite de prazer de volúpia e desejo.
Não ela não estava grávida, não podia estar. Ela vai ser mãe um dia, uma ótima mãe, mas não agora. Ela tem muito o que fazer antes disso, assim esperava. Parou para acalmar-se e refletiu um pouco. Em suas mais assustadoras fantasias, já havia imaginado esse cenário. Em um futuro não muito distante, ela esperava um filho em seu ventre, um filho seu! A fantasia o deixava preocupado e envergonhado ao mesmo tempo. Nunca com nenhuma outra mulher havia tido tal sonho. Ele não sabia o que havia nela que o deixava daquele jeito, mas sabia que era forte. Fantasias carinhos, momentos compartilhados e inesquecíveis e sensuais noites de amor não saiam de sua mente por sequer um segundo. Imaginava-se testando os corpos um do outro, aventurava-se por cada centímetro de sua pele macia, de seu sexo. Podia sentir o cheiro do suor dela, e seu sorriso faziam-lhe tocar os céus. As fantasias só pioravam a situação, cada vez que fantasiava ou sonhava com ela, se lembrava que ela estava nos braços de outro. A imagem do seio perfeito e delicado não deixava sua mente, um –único segundo, como era perfeito, como era lindo! Lindo como tudo nela! A paixão e o desejo o dominavam. Mas ela não fazia idéia, nem o menor traço de desconfiança, a única coisa que lhe restava era amá-la de longe. Sim, amá-la sem nada em troca, ama-la com todas as suas forças e esperar o dia em que ela saísse de uma vez de sua vida apaixonada por um rapaz mais bonito e mais sedutor do que ele.
Ele não estava sozinho, também tinha uma pessoa . Mas não importava o que acontecesse, ou a quantas pessoas ele ou ela iriam se entregar, ele a amava e estaria com ela para o que fosse necessário, a protegeria de tudo e jamais a deixaria sozinha, ele a amava......
Tomara que não esteja grávida.......
Ela estava preocupada. Repetira o teste duas vezes e o resultado fora o mesmo: positivo. Aquilo não podia estar acontecendo, ela o conhecia sabia que jamais assumiria um filho! Ela também jamais esperou isso dele, sabia como ele era e isso lhe fazia bem, lhe deixava excitada. Ele era bonito e o sexo era bom, ponto. Sua irreverência, aquele jeito de homem cachorro, a pegada forte. O leve pensamento fazia suas pernas estremecerem, e seu corpo umedecer. Mas não importava agora, ela tinha um problema sério. Estava grávida, grávida! Como poderia ter acontecido? Haviam se protegido todas às vezes. Exceto, sim exceto aquela vez. Estavam com pressa e não puderam esperar........Como ela podia ter sido tão burra. Não sabia o que fazer, então ligou para o amigo. Sempre se mostrara valoroso nos tempos difíceis, era quase um irmão para ela, poderia desabafar com ele. Assim o fez, ligou para o amigo contando e marcou uma visita ao médico, no dia seguinte. Em seguida foi descansar, o seu dia seria longo amanhã, muita coisa poderia mudar.......E se estivesse grávida, o que faria? Aborto? Adoção? Não! Isso nunca!Adorava crianças, jamais teria coragem. Ela teria que contar para o pai, isso é certo! Qual seria a reação dele afinal? Absorta nesses pensamentos, adormeceu.............
Tomara que não esteja grávida.............
Ele fumava um cigarro na varanda do apartamento. Ela era mesmo um tesãosinho. E na cama............ na cama. Já tivera muitas mulheres, mas aquela branquinha. Ela sabia como dar prazer a um homem e ele admirava isso. Preparava-se para sair, uns amigos o haviam chamado para uma festa. “ – Só da mina foda” Essas foram as palavras de Roberto, um pouco mais cedo. Ele podia ser um idiota, mas uma coisa devia ser dita, o desgraçado tinha bom gosto. Deu um sorriso e foi terminar de se arrumar. A noite promete. Lembrou de pegar um punhado de camisinhas antes de sair, não que necessariamente fosse rolar algo, mas queria estar preparado.....
Não queria ninguém grávida..............

De volta a vida....

Bom, faz já algum tempo que deixei essa página às moscas. Talvez tenha sido a falta de tempo na universidade, ou talvez um bloqueio criativo, ou ainda falta de interesse pelas coisas que escrevo. Acho que na verdade foi um pouco dos três. Pretendo, porém, iniciar novas aventuras e desventuras, trazendo esta página de volta do mundo dos mortos. Assim, pretendo ainda nesse fim de semana postar quatro novos contos: Grávida, Amor a Cartago, Vanessa e Desejo. Os três primeiros foram fruto de devaneios do cotidiano, enquanto o quarto foi um sonho que eu tive. Leiam e comentem.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Lua cheia

A lua brilhava cheia no céu, Beatriz caminhava noite a dentro com os livros apertados contra os seios e a passos rápidos. Não gostava de estudar de noite, mas precisava trabalhar para sustentar a faculdade. Se apenas o ponto não ficasse tão longe de casa! Nunca fora covarde, mas nesta noite em especial sentia o peito apertado. Uma angústia inexplicável roubava-lhe o ar. Ela estava com medo, medo alimentado pela mente fantasiosa, daquela jovem e bela mulher. De fato, sua beleza poderia ser rivalizada por poucas. Onde ela ia levantava olhares espantados e despertava paixões nos corações dos homens. Era uma mulher pequena, de cabelos muitos negros e longos possuía a pele branca cujo brilho rivalizava o luar, corpo esbelto que parecia ter sido esculpido pelas mãos de um artista habilidoso uma pequena pintinha no rosto completava o conjunto.
A menina não via a hora de chegar em casa, quando sentiu o coração pular ainda mais. Um carro diminuiu a velocidade ao chegar perto da garota. O vidro dianteiro se abriu. Um rapaz bonito de cabelos muito loiros e vividos chamou-lhe a atenção. Tinha a voz macia e sedutora: Quer carona? Apreensiva a moça assenou negativamente com a cabeça. O carro continuou em baixa velocidade, para que pudesse acompanhá-la. - Vamos! Você sabe como são as coisas hoje em dia, é perigoso andar por aí sozinha. - Retrucou o rapaz. Mas uma vez a pequena recusou, mas agora com um não obrigada! A firmeza com que sua voz saira da boca, em nada combinava com sua aparência. Apesar de parecer pequena e frágil Beatriz era decidida, e sabia como se defender. Sem perder a doçura aquela pequena mulher não abaixava a cabeça diante de ninguém e não era nenhuma garotinha deslumbrada e tola. Diante da inesperada reação, muitos teriam retrocedido mas não aquele rapaz, não naquela noite. O carro afastou-se um pouco mas ela notou que continuava a segui-la agora com um pouco mais de distância.
O coração parecia querer saltar para fora do peito, a angústia que ela antes sentia agora se aproximava do pânico, pensou em correr, não! Seria estúpido, não adiantaria nada, não conseguiria fugir do carro, mesmo que quisesse, e também não poderia ter certeza de que lhe fariam qualquer mal. Continuou andando calmamente e virou na próxima esquerda, o carro ainda atrás dela. Apertou ainda mais o passo, o carro mais uma vez encostou a seu lado: - Pra que se fazer de difícil, a gnt te leva em casa, relaxa! Ainda mais assustada, Beatriz apertou ainda mais o passo, e puxou o celular, ligaria pra casa, não faltava muito para chegar, pediria para que seu pai a encontrasse no caminho. Não teve tempo de completar a ligação. Em um movimento repentino a Hilux negra se interpos em seu caminho, derrubando-a no chão. O rapaz que a assediava, saiu do carro, acompanhado por mais três amigos, o grupo se precipitou em sua direção. Apavorada a garota correu para o lado oposto. Um dos homens, moreno, forte, agarrara-lhe pela blusa; livrou-se dele, abandonando a peça de roupa. Desesperada correu na direção oposta ao grupo o mais rápido que pode. Os homens partiram em seu encalço.
A garota olhara para trás sem parar, não os via, teria os depistado? A resposta veio rápido pela mão enorme que lhe agarrava, vinda na esquina. Com coragem a garota mordeu a mão de seu agressor, até que o sangue escorresse por entre os seus lábios. Com um grito o homem afrouxou a mão, permitindo que a moça se desvencilhasse, mas levando-lhe a manga da blusa. Com lágrimas nos olhos Beatriz correu pela noite fria. Gritou por socorro, ninguém ouviu. Um corpo jogara-se contra o seu, a menina foi ao chão. Levantou os olhos e viu duas botas a sua frente, um homem alto, loiro portador de grande beleza, beleza agora destorcida pela risada macábra estampada em seu rosto. Os quatro homens a rodiavam, em seu desespero, pediu que a deixassem ir, um soco foi a única resposta. Atordoada com o nariz doendo e sangrando, a garota caiu, enquanto o loiro abaixava-se sobre ela. Ela tentou empurrar-lhe com os braços, mas foi inútil. As lágrimas caiam copiosamente. Temia pelo pior. Antes, no entanto, que Beatriz ou seus agressores pudessem perceber o que ocorria, um vulto negro afastou o rapaz, da moça, colocando-se entre ela e seus agressores. A menina estava em choque, nunca antes vira um cachorro como aquele, não era capaz de distinguir a raça. O animal devia ter uns cento e oitenta centímetros de comprimento e por volta de um metro da cabeça até o chão. Era coberto por pêlos muito negros e lembrava muito mais um lobo do que um cão. Os homens foram pegos de surpresa, o animal agarrara o loiro pelo pescoço e nenhuma força na Terra era capaz de aplacar a fúria das poderosas mandíbulas, o sangue jorrava incessantemente, o animal só parou quando sua vítima já não se movia. Os outros correram mas com um salto o animal já derrubava o segundo, e seu destino não fora melhor do que o do primeiro. Foi então a vez do moreno forte clamar por socorro, mas assim como os gritos da moça, seus apelos foram inúteis, ninguém o ouviria gritar. O último deles conseguiu alcançar o carro, nervoso não conseguia colocar a chave no contato, dizem que o nervosismo é capaz de matar, nunca para ninguém isso foi tão verdadeiro. O animal irrompeu pelo vidro de trás do carro, dilacerando seu único ocupante.
Beatriz estava assustada demais para se levantar e ir para casa, permanecera sentada onde estava. O animal coberto de sangue aproximava-se devagar. Por algum motivo no entanto, a garota não o temia, pelo contrário, era como se o conhecesse, como se o amasse. A fera se aproxi mou dela e deitou a cabeça em seu colo. Instintivamente, sem entender por que, ela acaricou suas orelhas com as mãos e em seguida deitou-se sobre seu pêlo e adormeceu. Estranhamente sentia-se segura............................
Micael vomitava em seu quarto, o terrível gosto de sangue custava-lhe a abandonar a boca. Não se lembrava de nada da noite passada, por onde esteve?Com quem andava? Apenas um incomodo branco tomava conta de sua mente. A única coisa que conseguia se lembrar era de ter sentido uma sensação a cabeça latejar muito.............depois disso, acordara no chão do seu quarto, completamente nu e com aquele gosto terrível de sangue na boca. Era o terceiro dia seguido, em que desaparecia, a mãe suspeitava de drogas. E aquela mão que não parava de doer.............A ferida não cicatrizara desde que aquele maldito cachorro o mordera a duas semanas atrás. Tinha ido acompanhar Beatriz até em casa, quando deparou-se com o animal. Sentia o corpo fadigado, precisava dormir. Deitou-se na cama e puxou as cobertas quando reparou algo estranho, seu estômago parecia cheio, sentia-se como se tivesse comido um homem inteiro....

sábado, 11 de abril de 2009

Labirinto

O monstro esta prestes a me devorar, estou com medo!
Perdido em uma tempestade de sentimentos, bons e ruins sinto a fantasia anuviar minha mente e sentidos.
O toque da pele, a imagem que me é cara, os pequenos prazeres da vida.....Seria tudo isso um sonho?
Perco-me entre a realidade e a fantasia, enquanto sinto que o monstro se aproxima.
Corro o máximo que posso. Uma longa escadaria de pedra, encontra-se a minha frente. Conforme percorro seus negros degraus a escuridão aumenta, e até mesmo o mais fino rastro de luz parece ser consumido pelas trevas crescentes. A criatura continua atrás de mim, prestes a me devorar.......
As escadas não chegam ao fim. Estou cansado preciso de ar, luz, um rosto conhecido.......... Não encontro. A única coisa boa que guardo são lembranças, memórias felizes, de carinho de felicidade de amor, momentos aos quais eu talvez não tenha dado o devido valor. Tento me agarrar a elas, mas são frágeis.......E a ideia de que as perdi para sempre, de que não passaram de uma ilusão da mente na verdade solitária aumentam a angústia, a dor e o medo. Precisava sair daquele lugar, mas não conseguia.
Socorro!!
Socorro!
Inútil estou sozinho. Tenho que passar por isso sozinho, lutar e vencer sozinho. Busco de novo aquelas lembranças, na esperança de conseguir a força de que preciso; mas elas se vão, para longe de mim, em lugares onde não posso alcança-las. A besta está cada vez mais perto.A proximidade é tanta, que sou capaz de sentir seu hálito pútrido em meu rosto. Será o meu fim? Não sem lutar! Renovo minhas energias, corro atrás do que me é caro.........Vejo uma luz, será a saída? Corro em direção a esperança. Ao me aproximar da saída, vejo uma silhueta. Sinto que conheço aquela pessoa.........Lágrimas escorrem por meu rosto, e mais uma vez o corpo encontra força para superar os ferimentos e a alma cresce diante do sentimento caloroso. Aumento o ritmo. Vou chegar, tenho que chegar. Mas quanto mais eu corro, mais distante fica o meu objetivo.
Não me darei por vencido! O cansaço toma conta do meu corpo. Cansei de correr, quero minhas lembranças, meus sentimentos de volta.
Paro na escada e volto-me para trás. Ouço os pesados passos da criatura. Não fugirei mais. Vou lutar! Quer me devorar? Pois bem! Aqui estou! Não serei presa fácil.
Meu adversário diante de mim! Estou com medo, mas não serei feliz enquanto não derrotá-lo. Não serei livre enquanto não subjugar meu terrível algoz. Com os olhos fechados invisto sobre a criatura. Com as garras e dentes abertos, o monstro salta sobre mim, fechando-se em seu abraço mortífero.........Nos tornamos um. Mas quem realmente venceu?!
Abro os olhos. Estou deitado em minha cama. Não há sinal de túnel ou monstro. Familiares e amigos olham para mim com emoção e espanto no olhar. Parecem aliviados. Também estou. Em meio a multidão, distingo um sorriso e minha alma regojisa-se em calor e alegria. Foram esses sentimento os que mais me faziam falta. Fechei os olhos novamente e tentei saboreá-los, guardar cada minuto mágico, para que jamais os perdesse novamente. Não estou mais sozinho. Venci. Afasto-me da besta, conforme aproximo-me daqueles que amo...
Foi apenas um sonho. Um sonho ruim...........

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Desventuras Urbanas..............

Emanuel voltava para casa. Andava por ruas imundas, infestadas por aqueles que a sociedade tinha rejeitado. No meio da neblinda e dos corpos entorpecidos pela bebida e pelas drogas, caminhava a sua magra silhueta .
Havia se afastado da família a muito tempo, tinha saudades as vezes, mas logo passava. Não tinha nenhum amigo, namorada, ficante, ou qualquer um que fosse notar que desaparecesse. Desde de os 18 anos de idade, fizera da solidão sua única e melhor companheira. Não tinha com quem se preocupar nem quem se preocupasse com ele, e gostava disso!
Ao virar a esquina foi abordado por uma moça pequena, pálida, de cabelos muito vermelhos como o fogo. Ela vestia uma blusinha preta com um decote generoso que exibia toda a polpa do voluptuoso seio, sua mini saia tão curta que mal escondia completamente a tanga vermelha. O balançar do belo corpo, e o cheiro, aquele cheiro de luxúria, de tesão e sexo que emanava aquele corpo delicado despertariam o instinto do mais puro dentre os homen s. Emanuel sentiu um volume crescer em sua calça. Conhecia bem aquela sensação.A solidão poderia ser boa mas tinha suas desvantagens. Resisitiu e seguiu em frente. O dinheiro estava curto demais para ser gasto com prostitutas, por mais que seus hormônios reclamassem.
Afastou-se cerca de cinquenta metros e olhou para trás. Um homem se aproximou da menina, energicamente, Antes que a pobre pudesse esboçar qualquer reação, a mão gorda e pesada golpeou-lhe o rosto, levando dois dentes consigo. Apesar da distância considerável, o homem berrava tão escandalosamente que Emanuel pode entender o que se passava:
Puta! Tu não serve nem pra dar, sua vagabunda! A duas noites tudo que tu conseguiu foi bater punheta praquele velho babão. Eu já sei o que acontece, tu anda cansada demais pra dar, pq anda fodendo mto com aquele teu namoradinho viado não é? Vagabunda, vagabunda!
O "patrão" só parava de chingar e esboçar palavrões quando esmurrava sem piedade o delicado rosto daquela que não mais tinha forças para se defender.
Emanuel não sabe porque fez aquilo, nem percebeu as finas lágrimas que corriam pelo seu rosto. Sentiu a respiração ofegar e a adrenalinda crescer em seu sangue, de repente não sabia quem era e onde estava, ele só via em sua frente o objeto de seu ódio. O fato é que nada importava. Antes que ele ou o homem pudessem notar o que havia se passado, Emanuel já havia saltado sobre seu oponente. Num frenesi descontrolado o magro e aparentemente frágil rapaz, batia a cabeça do seu oponente contra o frio asfalto da rua. Uma duas, três, vezes a fúria só sessa quando a vítima para de se mover. O rapaz recompõe-se vai embora, sob os olhos da assustada dama da noite, como se nada tivesse acontecido.
Ele chega em casa por volta da meia noite. Entrou em casa fechou a porta encostou-se nela e começau a chorar copiosamente. As lágrimas não param. As lembrança dolorida queima sua mente. O dia do casamento, o ataque a mulher amada, sua incapacidade em defendê-la, o velório, a liberdade do responsável, o motivo pelo qual escolhera ficar sozinho. Todos os demônios de sua vida, que ele jurara esquecer agora voltavam a sua mente em um turbilhão de dor e desespero.
Aquele dia lhe roubaram a alma, o amor a esperança. Hoje mesmo que da maneira torta ele devolveu esses sentimento a álguem.......

segunda-feira, 30 de março de 2009

Era de noite e estava cansado. Mas por algum motivo recusava-se a ir dormir. Não entendia o porque. Era como se esperasse que algo acontecesse aquela noite, um milagre, uma grande revelação. A poucos dias sentiasse um deus, depois o mais baixo dos mortais. Agora experimentava um sentimento diferente. A calmaria que vem depois da tempestade. Sentiasse leve, mas ao mesmo tempo vazio. Olhou no relógio, faltavam vinte minutos para as onze. Decidiu ir dormir, amanhã era um novo dia. Dizem que a aurora costuma trazer consigo esperança e acalento para alma. Tomara que seja verdade.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Revoltas de um estudante honesto e fadigado

Achei que havia terminado minhas postagens por hoje. No entanto uma reportagem no jornal, merceu a minha atenção.
Em meio a medos e incertezas, me mato na experança de um dia alcançar o status de cientista. De poder não só transmitir mas talvez gerar conhecimento. Luto todos os dias, e me arrisco em uma área tão pouco valorizada em nosso país. Meu esforço, provoca dor no coração, qdo vejo algo como compra e venda de monografias e trabalhos universitários.
Será que a porcaria do canudo é a única prioridade na vida desses caras?! Conhecimento? Metas? Caráter? Tudo isso é conversa?! E enquanto aquele que vendem seus trabalhos?! Jogam no lixo o nome de suas carreiras e ignoram os juramentos que fizeram, apenas por dinheiro?! Essa gente me dá nojo! Essa é a palavra certa! Pois que fiquem com o seu dinheiro! O amem, o venerem. Vendam suas vidas, seus corpos, suas almas!

Desejo muito dinheiro a todos vocês! Apodreçam com ele!

Trevas parte I

O padre chegou as pressas. Entrou na casa dos Amado sem saber o que lhe esperava ao certo. O pai parecia desesperado ao telefone, adentrou a casa pela porta da frente e esperou na sala de estar. O tio foi o primeiro a recebê-lo.
-Olhe padre! Não sou superticioso ou algo do tipo. Mas nunca na minha vida vi algo parecido. A criança não é normal padre. Acho que é coisa dele...................... Você sabe de quem estou falando não sabe.
O padre Razlen permaneceu quieto. Não tinha tempo para os comentários de Bartolomeu. Que Deus o perdoasse, mas o homem era um pé no saco! Uma empregada veio buscar-lhe e conduziu-o ao quarto.
O comodo estava escuro e apenas uma fraca luz do luar entrava na casa e iluminava parcialmente a jovem mãe que acabara de dar a luz. A mulher agonizava. O médico saiu de perto dela dizendo ao padre que a mulher desejava falar-lhe. Ele aproximou-se da cama. E em seus últimos suspiros a jovem pediu pelo filho, que o protejessem daquele mundo que não aceita o diferente. O padre fechou os olhos, pegou um crucifixo, e concedeu-lhe a extrema-unção. Em seguida voltou-se para o pequeno embrulho, alguns metros da cama. Não pode conter a expressão de espanto . O menino era grande! Muito maior do que qualquer bebê que já vira! Devai pesar uns oito ou nove quilos. A criança tinha olhos castanhos, penetrantes e sua pele era grossa como a de um animal. O padre aproximou-se da criança e examinou-o mais de perto. E um sentimento que desconhecia passou pelo seu corpo. Não era pena, nem tão pouco repulsa, o bom padre foi capaz de ver além da aparência, e uma criança como qualquer outra, se escondia atras do grande tamanho e da grossa epiderme. O pensamento do padre foi interrompido pela entrada do pai. Com lágrimas nos olhos o homem se aproximou do corpo da mulher e voltou-se para o filho..........
É verdade padre? É o meu filho um enviado das trevas?
Eu preciso parar de escrever sobre essas coisas.........................

Da amizade.......................

A sim, outro sentimento que faz valer a pena estar vivo. Seres humanos são organismos sociais. Nós NÃO podemos viver sozinhos de fato!
Os risos em grupo, as conversas piadas de mal gosto. As companhias de estudo. Esses são momentos que fazem a vida valer a pena. Momentos de felicidade que um dia se tornarão prazerosas lembranças, que lhe dão força quando necessário.
Uma verdadeira amizade não é perdida. Por mais que estejam distantes, ou ausentes ou que os interesses mudem......Alguma coisa sempre fica.
A interação com os outros nos torna fortes, nos faz sobreviver, fugir da insanidade e da depressão. É bom ter alguém com quem contar, e saber que outros contam com você também.
Tenho amigos, amigos verdadeiros e me orgulho disso. Quero que estejam sempre comigo, e espero estar sempre com eles.

Aventuras Urbanas.......................parte II

Rafael continuava a correr pelas galerias. Uma voz masculina gritou atrás dele:
- Hei você!
Um frio intenso percorreu-lhe toda a espinha. Meu Deus, Meu Deus.................repetiu o nome de Deus três vezes e então tentou se acalmar. Por que isso estava acontecendo com ele, por que? Incapaz de se acalmar, o pobre rapaz encontrou a escada, que o levou a uma infeliz queda. Atordoado procurou pelos óculos, levou-os ao rosto e pode ver as pernas de um homem a sua frente. Assustado, levantou a cabeça vagarosamente. Havia diante dele uma figura pitoresca.
Um homem velho com uma barba comprida, branca e bem cuidada, devia ter aproximadamente um metro e noventa de altura, vestias roupas pretas e carregava um chapéu em sua mão direita. Apesar de sua aparente idade, a imponência e austeridade transpassadas pelo senhor, intimidariam o mais debochado confiante dos jovens.
- Deveria ter mais cuidado, meu caro Rafael. É esse o seu nome não é?( Dizendo isso, o velho estendeu-lhe a mão).
Rafael estava assustado, não sabia quem era aquele senhor e não confiava nele. Como diabos aquele velho sabia seu nome?!
Como que capaz de ler pensamentos, o homem continuou:
-Você tem muito o que temer filho, mas não a mim. Agora seria bom se levantar. O chão do metrô da Sé não é um bom lugar para descansar. Todo o tipo de gente passar por aqui todos os dias sabia? Além disso, não creio que meu colega tenha a mesmo paciência que eu. O homem de sobretudo que perseguia Rafael acabara de se juntar aos dois. Ofegante ele virou para o velho e murmurou alguma coisa que o rapaz não foi capaz de entender. Em seguida virou sua atenção ao rapaz, ainda deitado no chão e disse:
- Merda cara! Tu corre pra caralho! Eu só queria uma conversinha rápida. Eu não ia te violentar ou algo do tipo..............
- Eles estão aqui - interrompeu o velho. Rapidamente, o cabeludo colocou sua descomunal mão sobre o corpo de Rafael e o levantou do ar em poucos segundos colocando-o sobre o seu ombro.
Os dois homens começaram a correr, na direção dos trilhos do metrô ( com Rafael carregado como uma boneca pelo cabeludo).
Tentou protestar, mas foi duramente repelido.
-Cala boca cara ou eu te largo aqui. Acredite não vai ser bonito o que será feito de você.
Rafael olhou para trás, por cima do ombro do gigante e teve a impressão de que uma névoa envolvia a estação de metrô. Uma sensação horrível percorreu seu corpo, teve vontade de morrer............
Os dois homens pararam então de repente no meio do túnel do trem. Rafael, pelo barulho, deduziu que o mesmo se aproximava.
-Estão loucos.
Não lhe deram atenção. O velho calmamente se virou para seu companheiro e disse:
É aqui. Dito isso, o homem colocou sua mão direita sobre a parede, disse palavras em uma língua que Rafael não foi capaz de descrever.....................
Mas foi o que veio em seguida que fez Rafael duvidar de sua sanidade. Atônito ele observou o velho atravessar a parede, o cabeludo foi em seguida ( com Rafael sem suas costas).
Nicole sentia o peito apertado. Ele havia sumido a três dias, nenhuma notícia. No escritório diziam que ele não havia aparecido. Nem na faculdade. Ele nunca fez isso antes........
Uma lágrima correu pelo belo rosto da moça que escrevia no seu diário. Por favor esteja bem! Volte pra mim! Te amo! As únicas palavras que conseguia proferir ou escrever naquele momento...............................

Divagações de uma mente perturbada.

Cansado, olhou pela janela. As ondas arrebentando na praia o faziam bem. Milhões de coisas atravessavam sua mente naquele momento, mas não conseguia fixar em nenhuma.
Ia para aquele casebre na praia, sempre que queria paz. Ali sozinho entrava em comunhão com seu espírito e era capaz de ouvir melhor o que a vida tinha a lhe dizer. Tal habilidade era cada vez mais rara hoje em dia. O ser humano parecia cada vez mais insensível. Dinheiro, posses sexo, status........ Era só isso que importava.
Onde estava o espírito de revolução, os sonhos de grandes aventuras? Onde estavam os grandes amores, e atos de compaixão. Esses eram os sentimentos e valores aos quais ele queria guardar, e orgulhava-se disso. Alegrava-se em ser diferente e jamais se juntaria a alienação e conformismo vigentes.
Talvez fosse só um tolo como muitos o tachavam. Mas se era assim........................bem o que fazer?!
Sua espécie entrava em extinção rapidamente. Era surpreendente o quanto o dinheiro e a futilidade se tornavam importantes tão rapidamente. A perversão dos ideais dos grandes homens que viveram no passado não havia limites! A coisa chegara a tal ponto, que o fútil agora confundia-se com o útil, e o que havia de étereo e belo considerado delírios das crianças e dos imaturos............................
Onde estava a honra e o amor a medicina de Hipócrates, ou o raciocínio lógico de Aristóteles. Onde estava a busca pelo saber e pela arte de Da Vinci? Onde se escondera a bravura e os ideais de Garibaldi, de Marx? Quem destruiu o sonho de Martin Luther King? Em que momento de história, nós humanos assassinamos o amor, sentimento que dá sentido as nossas vidas? Quando a amizade se tornou mais uma mercadoria?

Os pensamentos foram interrompidos abruptamente. Era o celular. Se não queria ser encontrado, porque levara consigo aquela máquina maldita......................Hora de voltar! Precisava parar de sumir desse jeito.

Um poeta frustrado..................

Gosto de escrever. É algo que me acalma. Se estou feliz, se estou melancolico ou estressado. Não importa o sentimento que passe por mim na hora em que escrevo, sempre me fez bem. Mesmo assim passei muitos anos sem escrever nada. Apenas a algum tempo atrás, voltei a rabiscar minhas folhas pessoais, e agora tenho esse blog.
As folhas em branco são quase como um amigo imaginário. Conto tudo a elas, não escondo-lhes nada. Quando termino me sinto mais leve. Talvez uma das minhas únicas frustrações no que diz respeito a escrita, seja a minha infeliz incapacidade para escrever poesias. Não tenho problemas em representar sentimentos ou histórias em prosa. Mas nunca em toda a minha vida escrevi uma unica poesia, sobre qualquer assunto que seja que me parecesse agradável aos olhos.........Enfim, isso as vezes me entristece, mas continuarei tentando. Um dia haverá uma poesia nessa página........

sábado, 14 de março de 2009

Conclusões não tão úteis após um dia de estudo

A confusão da aula de vegetal não me motiva. Porque diabos escolher um livro se não concordam com as idéias do autor. O pensamento me deixou indignado, mas logo descobri que o livro em questão parece ser a referência mais confiável. Bom saber que pelo menos todos os estudantes de vegetais no mundo passam por algo parecido. Classificar os seres vivos não é algo fácil. A biologia está longe de ser exata, e estamos muito mais longe ainda de conhecer ao menos grande parte dela. Talvez por isso eu tenha me apaixonado por ela.................

Bom com o Raven então! Aprendamos o que pudermos sobre biobvegetal. E ao vencedor as batatas..........ou as algas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Aventuras urbanas................parte I

Estava cansado, mas não podia parar tinha muito trabalho a fazer. Olhou para o relógio, meia noite, queria voltar para casa. Não era justo deixar Nicole esperando por tanto tempo, todas as noites em seu primeiro ano morando juntos. Mas precisava do dinheiro, queria dar uma vida melhor para ela, ora bolas! Sem dúvida a amava, mas sua ausência frequênte, o faziam pensar que merecia mesmo um belo par de chifres!!
Maldição! Sempre assim! Precisava vencer aquela maldita insegurança e fantasias. No vida profissional, pessoal, nunca se sentia a altura dos outros. Não entendia, como podia ter chegado tão longe....
Nicole preparava-se para ir dormir. Sentia saudades de Rafael. Sabia que o que ele fazia era por eles, estudar e trabalhar, passava o dia inteiro fora. O amava muito, mas as vezes o jeito dele a irritava. Era o homem mais brilhante, honesto e determinado que ela já havia conhecido, mas mesmo assim não era capaz de acreditar em sim próprio. Ele parecia amar e cuidar de todos menos de si! Ainda assim, ela o amava. Talves fosse justamente aquele jeito atrapalhado que a tivesse cativado, quem saberia?! Ela poderia ter escolhido outros homens, mais bonitos melhor sucedidos, sedutores e atraentes. Mas fora aquele nerd de olhos azuis que entre todos os outros, chamou sua atenção.
Nicole era uma mulher bonita, carinhosa e competente. Havia acabado de se formar em jornalismo e arranjara emprego em uma revista feminina. Seu grande sonho era trabalhar como correspondente. Levar a verdade através das notícias sempre pensou. No entanto estava sempre ocupada demais com dicas de como segurar um homem ou de dietas milagrosas, a vida não era como esperava.................Ao menos tinha Rafael, o que seria dela sem aquele homem tolo, inseguro e meigo. Tomara que ele não demore muito. O coração estava apertado........
Rafael estava sem fôlego, mas ainda assim acelerava o passo. Não podia perder o último trem. Queria voltar para a esposa. Aquele maldito escritório estava destruindo sua vida. Seu objetivo sempre foi ser alguém, ser respeitado, fazer algo bom com o seu trabalho.........Estava cansado, mas não se daria por vencido nunca! Não era um homem de muitos talentos, em nenhum ramo, a única maneira de alcançar os outros, era se esforçando muito mais do que eles. Sempre fora assim e sempre seria...........
Caminhava absorto em seus próprios anseios e frustrações quando foi interrompido. Teve a impressão de estar sendo seguido. Aumentou ainda mais o ritmo da caminhada. Já fazia algum tempo desde que notara a presença daquele homem grande, caucasiano, de cabelos compridos, vestindo um casaco longo e surrado, o seguia de não muito longe. Droga! Fantasias de novo, concerteza o homem apenas trilhava um caminho semelhante até em casa. Sim, sem dúvida era isso......................... Sentia-se com medo.

......continua
Ta! Talvez tenha sido má idéia! Não paro de escrever. E o pior escrevo devanios inúteis. Talvez escreva para parecer intelectual, orgulho sempre foi um dos meus maiores pecados, talvez escrever qualquer coisa que estou pensando seja só algum tipo de válvula de escape. Gosto de fazer isso. Só não sei se gosto que outros leiam meus pensamentos. hahahahahah Porque diabos os lancei na internet então?
Ok! Pra variar minha mente está uma bagunça. Sentimentos vida pessoal, anseios, aspirações, tudo se confunde e se mistura. Acho q minha confusão pode ser percebida no que escrevo.....
Porque diabos amigos me pedem conselhos sobre coisas, sobre as quais tenho pouco ou nenhum conhecimento. Mais surpreendente é que muitas vezes os conforto e sou agradecido................Mas quem vai ouvir os meus problemas?

Primeiro post

Bom, aqui estou eu primeira postagem! Nem sei porque criei um blog. Uma amiga especial sugeriu uma vez, que eu o fizesse. Hoje acordei e pensei porque não?! Ninguém que conheço sabe sobre ele ainda, nem sei se saberá. Não espero nem mesmo que alguém leia isso. Como já disse não sei porque criei essa coisa.........