A lua brilhava cheia no céu, Beatriz caminhava noite a dentro com os livros apertados contra os seios e a passos rápidos. Não gostava de estudar de noite, mas precisava trabalhar para sustentar a faculdade. Se apenas o ponto não ficasse tão longe de casa! Nunca fora covarde, mas nesta noite em especial sentia o peito apertado. Uma angústia inexplicável roubava-lhe o ar. Ela estava com medo, medo alimentado pela mente fantasiosa, daquela jovem e bela mulher. De fato, sua beleza poderia ser rivalizada por poucas. Onde ela ia levantava olhares espantados e despertava paixões nos corações dos homens. Era uma mulher pequena, de cabelos muitos negros e longos possuía a pele branca cujo brilho rivalizava o luar, corpo esbelto que parecia ter sido esculpido pelas mãos de um artista habilidoso uma pequena pintinha no rosto completava o conjunto.
A menina não via a hora de chegar em casa, quando sentiu o coração pular ainda mais. Um carro diminuiu a velocidade ao chegar perto da garota. O vidro dianteiro se abriu. Um rapaz bonito de cabelos muito loiros e vividos chamou-lhe a atenção. Tinha a voz macia e sedutora: Quer carona? Apreensiva a moça assenou negativamente com a cabeça. O carro continuou em baixa velocidade, para que pudesse acompanhá-la. - Vamos! Você sabe como são as coisas hoje em dia, é perigoso andar por aí sozinha. - Retrucou o rapaz. Mas uma vez a pequena recusou, mas agora com um não obrigada! A firmeza com que sua voz saira da boca, em nada combinava com sua aparência. Apesar de parecer pequena e frágil Beatriz era decidida, e sabia como se defender. Sem perder a doçura aquela pequena mulher não abaixava a cabeça diante de ninguém e não era nenhuma garotinha deslumbrada e tola. Diante da inesperada reação, muitos teriam retrocedido mas não aquele rapaz, não naquela noite. O carro afastou-se um pouco mas ela notou que continuava a segui-la agora com um pouco mais de distância.
O coração parecia querer saltar para fora do peito, a angústia que ela antes sentia agora se aproximava do pânico, pensou em correr, não! Seria estúpido, não adiantaria nada, não conseguiria fugir do carro, mesmo que quisesse, e também não poderia ter certeza de que lhe fariam qualquer mal. Continuou andando calmamente e virou na próxima esquerda, o carro ainda atrás dela. Apertou ainda mais o passo, o carro mais uma vez encostou a seu lado: - Pra que se fazer de difícil, a gnt te leva em casa, relaxa! Ainda mais assustada, Beatriz apertou ainda mais o passo, e puxou o celular, ligaria pra casa, não faltava muito para chegar, pediria para que seu pai a encontrasse no caminho. Não teve tempo de completar a ligação. Em um movimento repentino a Hilux negra se interpos em seu caminho, derrubando-a no chão. O rapaz que a assediava, saiu do carro, acompanhado por mais três amigos, o grupo se precipitou em sua direção. Apavorada a garota correu para o lado oposto. Um dos homens, moreno, forte, agarrara-lhe pela blusa; livrou-se dele, abandonando a peça de roupa. Desesperada correu na direção oposta ao grupo o mais rápido que pode. Os homens partiram em seu encalço.
A garota olhara para trás sem parar, não os via, teria os depistado? A resposta veio rápido pela mão enorme que lhe agarrava, vinda na esquina. Com coragem a garota mordeu a mão de seu agressor, até que o sangue escorresse por entre os seus lábios. Com um grito o homem afrouxou a mão, permitindo que a moça se desvencilhasse, mas levando-lhe a manga da blusa. Com lágrimas nos olhos Beatriz correu pela noite fria. Gritou por socorro, ninguém ouviu. Um corpo jogara-se contra o seu, a menina foi ao chão. Levantou os olhos e viu duas botas a sua frente, um homem alto, loiro portador de grande beleza, beleza agora destorcida pela risada macábra estampada em seu rosto. Os quatro homens a rodiavam, em seu desespero, pediu que a deixassem ir, um soco foi a única resposta. Atordoada com o nariz doendo e sangrando, a garota caiu, enquanto o loiro abaixava-se sobre ela. Ela tentou empurrar-lhe com os braços, mas foi inútil. As lágrimas caiam copiosamente. Temia pelo pior. Antes, no entanto, que Beatriz ou seus agressores pudessem perceber o que ocorria, um vulto negro afastou o rapaz, da moça, colocando-se entre ela e seus agressores. A menina estava em choque, nunca antes vira um cachorro como aquele, não era capaz de distinguir a raça. O animal devia ter uns cento e oitenta centímetros de comprimento e por volta de um metro da cabeça até o chão. Era coberto por pêlos muito negros e lembrava muito mais um lobo do que um cão. Os homens foram pegos de surpresa, o animal agarrara o loiro pelo pescoço e nenhuma força na Terra era capaz de aplacar a fúria das poderosas mandíbulas, o sangue jorrava incessantemente, o animal só parou quando sua vítima já não se movia. Os outros correram mas com um salto o animal já derrubava o segundo, e seu destino não fora melhor do que o do primeiro. Foi então a vez do moreno forte clamar por socorro, mas assim como os gritos da moça, seus apelos foram inúteis, ninguém o ouviria gritar. O último deles conseguiu alcançar o carro, nervoso não conseguia colocar a chave no contato, dizem que o nervosismo é capaz de matar, nunca para ninguém isso foi tão verdadeiro. O animal irrompeu pelo vidro de trás do carro, dilacerando seu único ocupante.
Beatriz estava assustada demais para se levantar e ir para casa, permanecera sentada onde estava. O animal coberto de sangue aproximava-se devagar. Por algum motivo no entanto, a garota não o temia, pelo contrário, era como se o conhecesse, como se o amasse. A fera se aproxi mou dela e deitou a cabeça em seu colo. Instintivamente, sem entender por que, ela acaricou suas orelhas com as mãos e em seguida deitou-se sobre seu pêlo e adormeceu. Estranhamente sentia-se segura............................
Micael vomitava em seu quarto, o terrível gosto de sangue custava-lhe a abandonar a boca. Não se lembrava de nada da noite passada, por onde esteve?Com quem andava? Apenas um incomodo branco tomava conta de sua mente. A única coisa que conseguia se lembrar era de ter sentido uma sensação a cabeça latejar muito.............depois disso, acordara no chão do seu quarto, completamente nu e com aquele gosto terrível de sangue na boca. Era o terceiro dia seguido, em que desaparecia, a mãe suspeitava de drogas. E aquela mão que não parava de doer.............A ferida não cicatrizara desde que aquele maldito cachorro o mordera a duas semanas atrás. Tinha ido acompanhar Beatriz até em casa, quando deparou-se com o animal. Sentia o corpo fadigado, precisava dormir. Deitou-se na cama e puxou as cobertas quando reparou algo estranho, seu estômago parecia cheio, sentia-se como se tivesse comido um homem inteiro....
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Há 8 anos